Ferramenta do Banco Mundial simula impactos da reforma tributária na renda das famílias
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As famílias brasileiras poderão simular os efeitos da reforma tributária em suas rendas através de um aplicativo lançado pelo Banco Mundial nesta terça-feira (21).
Nesta primeira versão, o Simulador de Imposto sobre Valor Agregado (SimVAT) traz dados apenas da reforma sobre o consumo, como gastos com alimentação, saúde e eletrodomésticos, e pode ser acessado por qualquer navegador da internet em computadores, tablets e smartphones.
De acordo com o Banco Mundial, o objetivo da ferramenta é apoiar o debate sobre o tema no Brasil e promover uma reforma tributária mais abrangente. O modelo disponibiliza análises robustas para o público em geral e acadêmicos sobre diferentes aspectos da reforma, a fim de visualizar os impactos distributivos em comparação com o regime proposto.
O aplicativo se baseia em trabalhos analíticos do Banco Mundial e nos dados disponíveis da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE. A proposta foi desenvolvida em conjunto com a equipe técnica da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, liderada pelo economista Bernard Appy.
A ideia também é apoiar os parlamentares em cálculos durante a tramitação do projeto de lei complementar (PLP) 68/24, apresentado no mês passado pela Fazenda à Câmara dos Deputados, que regulamenta os tributos sobre o consumo das pessoas.
Apesar da proposta da Fazenda usar a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em 26,6%, o simulador do Banco Mundial utiliza o valor fixo de 20%.
Segundo a entidade, as análises feitas com o SimVAT revelam que em um sistema com uma alíquota padrão única, os mais pobres da população brasileira seriam o grupo que pagaria o maior imposto sobre o consumo em relação à própria renda.
Pela proposta do governo, a carga tributária para os 10% mais pobres seria de 28% de sua renda, enquanto para os 10% mais ricos, a carga seria de apenas 8,2%. Porém, uma simulação do PLP 68/2024 mostra que essa alternativa é capaz de reduzir as possíveis injustiças do sistema tributário.
Segundo o Banco Mundial, caso a proposta fosse aprovada em sua forma atual, a carga tributária para os 10% mais pobres seria reduzida para 22,1%, enquanto os 10% mais ricos pagariam praticamente o mesmo em termos proporcionais.
O aplicativo também revela que a ampliação da Cesta Básica pode ser ineficiente para ajudar os mais pobres. Caso as isenções abrangessem todos os alimentos e fosse eliminado o cashback, a alíquota do IVA teria que aumentar para 28,3% para manter a neutralidade fiscal, o que resultaria em uma carga tributária de 25,3% para os 10% mais pobres, enquanto os 10% mais ricos pagariam apenas 8,3%.