Inadimplência cresce e atinge 67,18 milhões de consumidores, aponta CNDL/SPC Brasil
Em maio de 2023, o número de pessoas inadimplentes no Brasil registrou outro aumento, alcançando a marca de 67,30 milhões de brasileiros. Esse é o terceiro recorde consecutivo na série histórica do levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). De acordo com os dados, quatro em cada dez adultos brasileiros (41,31%) estavam com contas em atraso em maio deste ano, representando um aumento de 9,42% em relação ao mesmo período de 2022.
Com base nas informações disponíveis, que abrangem capitais, regiões metropolitanas e áreas rurais de todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal, a CNDL e o SPC Brasil observaram que a variação anual em abril deste ano foi menor em comparação ao mês anterior. De abril a maio de 2023, o número de devedores aumentou 2,05%.
O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que os setores do comércio e serviços são os mais afetados negativamente pelo alto índice de inadimplência, uma vez que os consumidores perdem o acesso ao crédito e deixam de movimentar o mercado. Isso resulta em uma economia enfraquecida, com pouca geração de empregos e renda. Portanto, é urgente que o governo adote medidas concretas por meio de políticas públicas para mudar esse cenário tão negativo para a economia do país.
NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR TEMPO DE ATRASO
O aumento do indicador anual foi impulsionado principalmente pelo aumento no número de devedores com um histórico de inadimplência de 1 a 3 anos, que registrou um crescimento de 18,23%.
Em maio, a faixa etária que apresentou o maior número de devedores no Brasil foi de 30 a 39 anos, representando 23,81% do total. Isso significa que há 16,70 milhões de pessoas nessa faixa etária registradas como devedores. Esse número corresponde a 48,93% do total desse grupo etário. A inadimplência está relativamente equilibrada entre os sexos: 51,07% são mulheres e 48,93% são homens.
O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, destaca que a alta taxa de inadimplência é um problema complexo que requer uma combinação de ações, como educação financeira, políticas públicas adequadas e condições econômicas favoráveis, a fim de promover uma mudança efetiva no cenário. O país ainda enfrenta muitos desafios econômicos, especialmente devido às altas taxas de juros.
NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA E SEXO
ESTIMATIVA DE INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA
CADA NEGATIVADO DEVE, EM MÉDIA, R$ 4.028,36. MAIOR PARTE DAS DÍVIDAS SÃO COM BANCOS
No mês de maio de 2023, a média das dívidas de cada consumidor inadimplente era de R$ 4.002,06 quando somadas todas as pendências financeiras. Em média, cada pessoa com contas em atraso devia a 2,09 empresas diferentes considerando todas essas dívidas.
NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR VALOR TOTAL DAS DÍVIDAS
Os dados revelam que aproximadamente três em cada dez consumidores (31,58%) possuíam dívidas no valor de até R$ 500, e esse percentual aumenta para 45,83% quando se trata de dívidas de até R$ 1.000.
Em maio de 2023, o número de dívidas atrasadas no Brasil registrou um aumento de 20,86% em relação ao mesmo período de 2022. Essa taxa de crescimento observada em maio deste ano superou a variação anual registrada no mês anterior. De abril de 2023 a maio de 2023, o número de dívidas apresentou um aumento de 3,82%.
NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO
É importante ressaltar o aumento das dívidas no setor bancário, que registrou um crescimento de 33,76%, seguido pelo setor de água e luz, com um aumento de 17,25%. Por outro lado, as dívidas com o setor de comunicação (-14,47%) e comércio (-0,40%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO POR SETOR CREDOR
Em relação à participação, o setor bancário se destaca como o credor responsável pela maior parte das dívidas, representando 64,72% do total. Em seguida, temos o setor do comércio com 11,28%, o setor de água e luz com 10,79% e o setor de comunicação com 6,63% do total de dívidas.
O elevado desemprego, a inflação que afetou o poder de compra, especialmente das famílias com renda mais baixa, as altas taxas de juros e as dificuldades de acesso ao crédito ou concessões de crédito inadequadas levaram muitos brasileiros a se endividarem excessivamente e, consequentemente, à inadimplência. Por isso, é fundamental que o consumidor faça uma análise de todas as suas dívidas e crie um plano de pagamento levando em consideração sua capacidade de quitar as contas atrasadas e os gastos básicos mensais, alerta Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.
Em todos os indicadores, considera-se que uma dívida é a relação entre um credor e um devedor, mesmo que esse credor tenha registrado várias ocorrências desse mesmo devedor junto ao SPC Brasil. Ou seja, mesmo que um devedor possua quatro registros com um mesmo credor, considera-se que esse consumidor possui apenas uma dívida.