Os efeitos da decisão do STJ que garante transporte de beneficiário de plano de saúde
Uma recente determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) terá um impacto significativo nas operadoras de saúde no Brasil. A decisão estabelece que essas empresas devem fornecer transporte aos beneficiários quando eles necessitarem de serviços médicos não disponíveis em sua localidade de residência. Isso está alinhado com a compreensão de que as operadoras devem garantir a assistência à saúde de forma abrangente, incluindo o acesso aos serviços contratados, mesmo que isso exija o custeio do transporte do beneficiário para outra região onde o serviço esteja disponível.
Para aplicar essa decisão, alguns critérios devem ser observados:
1. Ausência de Rede Credenciada: O transporte deve ser custeado quando não houver prestadores de serviços de saúde credenciados pelo plano na localidade de residência do beneficiário para o tratamento necessário.
2. Necessidade de Tratamento: O transporte deve ser fornecido para tratamentos cobertos pelo plano de saúde e que sejam necessários para a manutenção da saúde do beneficiário.
3. Razoabilidade e Proporcionalidade: O meio de transporte a ser custeado deve ser adequado à situação clínica do paciente, levando em consideração a urgência, a distância e as condições de saúde do beneficiário, garantindo assim um acesso seguro e eficiente ao tratamento.
4. Comprovação da Necessidade: O beneficiário deve apresentar a devida comprovação da necessidade de receber tratamento fora de sua localidade, bem como da inexistência de prestadores de serviços credenciados disponíveis para o atendimento.
5. Limites Contratuais: A operadora do plano de saúde pode estabelecer, por meio de contrato, limites e condições para o fornecimento do transporte, desde que esses limites não comprometam o direito do beneficiário a uma assistência médica adequada.
É importante ressaltar que a decisão do STJ reforça a interpretação de que as cláusulas contratuais não podem ser interpretadas de forma a excluir a obrigação da operadora de plano de saúde de garantir o acesso aos serviços de saúde previstos no contrato, mesmo que isso envolva o custeio do transporte do beneficiário para outra região. Portanto, a operadora deve fornecer os meios necessários para que o beneficiário tenha acesso ao tratamento necessário, respeitando os critérios mencionados e garantindo a efetividade do direito à saúde.
A decisão do STJ terá um impacto significativo no mercado das operadoras de planos de saúde, pois estabelece um importante parâmetro para a proteção dos direitos dos consumidores. As operadoras precisarão reavaliar suas redes credenciadas e a logística de atendimento, a fim de evitar a necessidade de transporte dos beneficiários ou se preparar para arcar com esses custos adicionais, o que pode levar a uma reestruturação dos custos e preços dos planos de saúde.
Portanto, embora essa decisão seja um precedente relevante, cada caso específico deve ser analisado individualmente, levando em consideração as particularidades do contrato de plano de saúde e as circunstâncias envolvidas. No entanto, é provável que as operadoras de planos de saúde precisem prestar uma atenção especial à necessidade de fornecer não apenas os serviços de saúde, mas também as condições para que esses serviços sejam efetivamente acessíveis aos consumidores.