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Tribunal do Júri julga investigador da Polícia Civil réu por morte de PM em Cuiabá; acompanhe

Acontece na tarde desta segunda-feira (15) o Tribunal do Júri que irá julgar o investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, acusado de matar a tiros o policial militar Thiago de Souza Ruiz, em uma conveniência de posto de combustível nas proximidades da Praça 8 de Abril, em Cuiabá. O crime ocorreu em abril de 2023.
A sessão é realizada no Fórum da Comarca de Cuiabá, sob condução da juíza Mônica Cataria Peri Siqueira, titular da 1ª Vara Criminal.
O réu responde a ação penal por homicídio qualificado, com as agravantes de motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, conforme denúncia do Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
O crime
De acordo com as investigações, na madrugada do crime, a vítima chegou com um amigo em uma loja de conveniência, localizada em um posto de combustível. Posteriormente, Mário Wilson chegou ao local e foi apresentado à vítima.
Imagens de câmeras de segurança mostram os envolvidos conversando momentos antes do crime. Em determinado instante, o policial militar teria mostrado a arma que portava na cintura. Na sequência, o investigador civil se apropria do revólver e efetua os disparos que resultaram na morte de Thiago Ruiz.
Número do processo: 1007775-37.2023.8.11.0042
Acompanhe:
13h42 – Teve início, na tarde desta segunda-feira (15), no Fórum de Cuiabá, a sessão do Tribunal do Júri que julga o investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, acusado de matar o policial militar Thiago de Souza Ruiz.
13h43 – Foi realizado o sorteio do Conselho de Sentença, que ficou composto por sete jurados, sendo cinco mulheres e dois homens, responsáveis por decidir sobre a culpa ou inocência do réu.
13h53 – A primeira testemunha arrolada pelo Ministério Público começou a ser ouvida por videoconferência, dando início à fase de instrução do julgamento.
14h04 – Após problemas técnicos, a oitiva da testemunha foi retomada. Antes do prosseguimento, ela foi orientada a comprovar que estava sozinha no ambiente durante a videoconferência. Na sequência, Walfredo Raimundo, investigador da Polícia Civil, passou a ser inquirido pelo Ministério Público.
14h17 – Em depoimento, a testemunha Walfredo Raimundo relatou que a vítima não pretendia consumir bebida alcoólica no dia dos fatos e afirmou que Mário aparentava estar um pouco alterado. Ainda conforme o depoimento, ele tentou intervir para separar a briga, mas viu o réu sacar a arma. A testemunha afirmou que não sacou sua própria arma devido à presença de funcionários e clientes no local.
14h23 – O relato prossegue informando que Thiago saiu correndo, já ferido e com marcas de sangue. A testemunha disse que tentou controlar a situação e chegou a seguir Mário, advertindo que, caso ele deixasse o local do flagrante, iria acioná-lo posteriormente, por compreender a gravidade dos fatos.
14h25 – Visivelmente emocionado, afirmou: “Infelizmente, o último suspiro dele foi nos meus braços. Não teve jeito”. Em outro momento, declarou: “Eu fui quem apresentei os dois, mas fatos são fatos. Não vou conseguir mudar o passado”.
14h33 – Ao ser questionada pelo Ministério Público se a vítima tentava fugir da situação, a testemunha respondeu afirmativamente e declarou: “Ele simplesmente descarregou”. Segundo o relato, foram efetuados diversos disparos. “Se não me engano, cerca de 16 tiros”, disse Walfredo, descrevendo a arma como de calibre 9mm de última geração.
14h51 – A testemunha informou que permaneceu com a arma da vítima após o ocorrido e que, posteriormente, entregou a arma da vítima e a própria arma aos policiais militares que chegaram ao local do crime.
14h54 – Questionado se já teve alguma desavença com Mário, a testemunha afirmou que nunca teve conflitos com o réu e declarou que o considera uma boa pessoa.
14h56 – A testemunha passou a ser questionada pela defesa do réu Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, representada pelo advogado Cláudio Dalledone Júnior.
14h59 – Questionado pelo advogado sobre a motivação que levou o réu Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves a tomar a arma da vítima, a testemunha Walfredo Raimundo Adorno Moura Junior afirmou que o policial civil não acreditava que a vítima fosse policial militar. Segundo o ele, a desconfiança do réu pode ter sido causada pela quantidade de tatuagens da vítima, o que teria levado Mário a tomar a arma, pois não estava acreditando na identidade de Thiago Ruiz.
15h29 – Segundo relato da testemunha, o armamento aquartelado segue o padrão estabelecido pela corporação. No entanto, o policial pode requisitar uma segunda arma, desde que a solicitação seja justificada pela situação enfrentada e pelas necessidades operacionais do serviço.
15h33 – Durante o depoimento, a defesa questionou o declarante sobre a arma funcional utilizada por cada policial. Em resposta, ele afirmou que os policiais são frequentemente alvo de ameaças e destacou que o colega envolvido na ocorrência era um profissional altamente operacional.
Ao ser perguntado se a vítima, Thiago, teria apresentado a arma funcional em algum momento, o declarante respondeu que não tem como afirmar. Diante da insistência do advogado, esclareceu que chegou a visualizar o distintivo.
15h37 – Questionado pela defesa se tinha conhecimento do motivo pelo qual o amigo, o policial militar Thiago, estaria sem porte de arma na data do crime, o depoente respondeu que não sabia informar. Em seguida, houve um momento de discussão entre defesa e acusação durante a audiência.
15h44 – Durante o depoimento, a testemunha se emocionou e chorou ao ser questionada sobre o fato de não saber que o colega estava sem porte de arma desde 2018 por conta de violência doméstica. O momento foi marcado por forte carga emocional no plenário. Em meio à oitiva, ele se manifestou e declarou: “Ele morreu nos meus braços”.
15h53 – Em depoimento, ele relatou que foi abordado por uma equipe da Polícia Militar assim que chegou ao hospital, informando que a ação envolveu duas viaturas. De forma objetiva, afirmou que entregou a arma de Thiago aos policiais no local.
Questionado sobre a apresentação da funcional, disse não se lembrar devido ao trauma. Em um relato marcado pela emoção, acrescentou que havia levado o amigo ao hospital: “Meu banco era só sangue”.
15h56 – Questionado se Mário teria aplicado algum golpe na vítima antes de efetuar o disparo, o depoente afirmou que estava do lado de fora no momento da ocorrência e, por isso, não tinha condições de visualizar a cena com clareza, relatando que apenas ouviu o barulho.
16h- Indagado se ele próprio poderia ter efetuado um disparo no local, responde que sim. Thiago estaria vivo ou ele estaria no banco dos réus —, a pergunta foi registrada em tom hipotético durante a oitiva.
Encerrada a oitiva.
16h – Começa a oitiva  da testemunha Domingas Nunes, que foi devidamente cientificada pela juíza sobre o julgamento. Na sequência, dá início o depoimento. Em seguida, o Ministério Público pergunta.
Domingas informou que, à época dos fatos, trabalhava como atendente no local. Disse, no entanto, não se lembrar de muitos detalhes da ocorrência. Segundo ela, no dia do crime estava abastecendo o freezer e afirmou que sua atenção não estava voltada para o salão.
16h16 – Durante a oitiva, o Ministério Público questionou se o grupo formado pela vítima, pelo denunciado e pela testemunha Walfredo estaria consumindo bebida alcoólica. Em resposta, Domingas afirmou que não sabia informar.
Ela acrescentou que já estava trabalhando desde a madrugada naquele dia, motivo pelo qual não se recorda se o estabelecimento estava cheio no momento dos fatos.
16h17 – A testemunha afirmou que não presenciou o momento em que o réu teria desarmado a vítima. Questionada se a situação parecia uma discussão, relatou que, no instante em que percebeu algo diferente, já estava escrevendo em seu caderno de anotações após abastecer o freezer.
Ao descrever o que efetivamente viu, disse que, quando se deu conta, havia uma arma em mãos e que quem a segurava era o sobrevivente, Mário. Na sequência, com medo, deixou o local. Ela disse que não sabe de quem era a arma e não sabe como e nem de quem era a arma.
16h30 – Durante a inquirição da defesa, a testemunha afirmou que, na delegacia, logo após o crime, sua memória estava mais viva do que atualmente. A defesa destacou que, às 7h32 — horas depois do ocorrido —, ela declarou à Polícia Judiciária Civil (PJC) que havia pó branco misturado a vidro quebrado no local. Questionada se se lembrava dessa afirmação, a testemunha respondeu que sim.
16h31- Questionada se chegou a ver o momento do disparo, a testemunha respondeu que não. Ela também afirmou que Walfredo (testemunha) era frequentador do local. Indagada se os dois envolvidos estariam usando drogas no estabelecimento, disse que não sabe informar.
16h33 – Durante o julgamento, a  magistrada  advertiu a defesa, ressaltando que as perguntas estariam induzindo a testemunha. MP e defesa discutem rapidamente.
16h36 – A testemunha afirmou que deixou de trabalhar no local dois ou três meses após o crime e negou ter mantido qualquer contato com Walfredo (testemunha do crime e frequentador assíduo do local). Questionada sobre a informação constante no inquérito policial de que Walfredo teria apontado uma arma durante uma briga, a testemunha negou. Indagada ainda se Walfredo estava alterado no momento dos fatos, disse que não soube informar.
16h41 – Ao apresentar fotografias do espaço interno da loja, a defesa questionou se a testemunha se recordava do local. Em seguida, indagou se ela sabia informar se o vidro da estufa de salgados já estava quebrado antes dos disparos.
A testemunha respondeu que não se lembrava.
16h47 – Questionada se teria visto Mário agredir o policial militar Thiago ou agir de forma desrespeitosa, a testemunha afirmou que não sabia dizer.
Em seguida, a defesa declarou estar satisfeita com as respostas, e o depoimento foi encerrado.
17h14 – Teve início a oitiva da testemunha Gilson Tibaldi, de 45 anos, advogado. A pedido do Ministério Público, ele foi convidado a descrever a noite do crime. Gilson relatou que estava no bar no momento dos fatos, é testemunha do caso e já havia sido ouvido anteriormente na delegacia.
Em seu depoimento, contou que encontrou Mário na região do CPA e se dispôs a levá-lo até sua residência. Durante o trajeto, pela avenida Getúlio Vargas, Mário teria pedido para parar em uma conveniência para comprar cigarros.
17h16 – Gilson relatou que chegaram à conveniência por volta das 3h30. Segundo ele, decidiu levar Mário para casa porque o amigo estava sem aplicativo para solicitar um carro. Ao parar o veículo, Mário desceu, mas demorou a retornar, o que o levou a sair do carro para verificar a situação.
Nesse momento, afirmou ter visto Mário envolvido em uma discussão com um rapaz logo na entrada do bar.
17h19 – Ele afirmou ainda que percebeu a presença de amigos no bar e, por isso, também desceu do carro. Segundo o relato, naquele momento Mário sugeriu que ambos “tomassem uma” antes de seguirem para casa, permanecendo na parte da frente da conveniência.
Ainda conforme o depoimento, junto ao grupo de amigos havia um rapaz com quem Mário já tinha uma desavença. O Ministério Público confirmou que a pessoa mencionada seria Thiago.
17h23 – Em depoimento, Gilson relatou que, após se sentarem, Thiago veio da área externa e passou a ocupar a mesma mesa. Segundo ele, enquanto conversavam, os rapazes que estavam do lado de fora também entraram no estabelecimento.
Questionado pelo Ministério Público se, naquele momento, estava tudo tranquilo, Gilson respondeu que sim, afirmando que “todo mundo bebendo, conversando e comendo algumas coisas”.
17h25 – Na sequência do relato, Gilson afirmou que Mário disse que iria chamar a polícia ao perceber que Thiago estava armado. A partir daí, segundo ele, iniciou-se uma confusão e, pouco depois, ouviu-se um disparo.
Questionado se Thiago chegou a apresentar o distintivo, Gilson respondeu que não, mas afirmou que ele levantou a camisa, momento em que a arma teria ficado visível. Indagado se Mário teria tomado a arma de Thiago, explicou que Mário afirmou que se tratava de uma arma irregular. Em seguida, relatou que Mário retirou a arma e disse que iria acionar a Polícia Militar.
17h27 – Segundo o depoimento, nesse momento Thiago se levantou da cadeira, dando início a uma luta corporal entre os dois. Gilson relatou que Mário acabou caindo, e Thiago caiu por cima dele durante a briga. Mário pediu a Thiago para que ele o soltasse.
17h29 -Durante a luta corporal, Gilson relatou que pegou uma arma que estava caída  no chão. Em seguida, chegaram policiais civis, amigos de ambos, que tentaram intervir na confusão e passaram a gritar para que a situação parasse. Gilson disse que pegou uma arma que estava no chão e entregou aos policiais.
Gilson afirmou ainda que, ao ouvir o primeiro disparo, saiu da conveniência. Ele disse não saber informar quantos tiros foram efetuados.
17h35 – Questionado pelo Ministério Público sobre o momento em que a vítima teria corrido após os disparos, Gilson afirmou que não viu Thiago correr nem sair baleado do local. “Ouvi os disparos, mas não vi baleado”, declarou.
Ele contou ainda que os policiais permaneceram dentro da conveniência com Mário e que, em seguida, saiu do local e pediu para irem embora. Ambos entraram no carro e deixaram o local. Segundo o depoente, a ação foi muito rápida e Mário não demonstrou preocupação em verificar se a vítima havia sido ferida por disparos de arma de fogo, aparentando apenas lesões decorrentes da luta corporal.
Gilson relatou que Mário posteriormente, teria ligado para alguém, sem saber informar para quem, e, depois, disse que tinha de ir  à delegacia.
17h39 – O Ministério Público questiona, durante a oitiva, se a vítima e o acusado chegaram a consumir cerveja juntos na conveniência. Em resposta, Gilson afirmou que jamais imaginaria que a situação evoluiria para o desfecho ocorrido.
Ele voltou a relatar o momento em que Mário disse que acionaria a Polícia Militar ao perceber que Thiago estava armado. Segundo Gilson, Mário retirou a pistola, ficou com uma das armas em mãos, colocou a outra de lado e afirmou que chamaria a polícia.
17h45 – Na sequência da audiência, a defesa de Mário passou a inquirir a testemunha. Questionado se os três estavam sentados à mesma mesa, Gilson confirmou que sim.
Indagado sobre o conteúdo da conversa, ele relatou que o diálogo girava em torno de assuntos relacionados à área policial, momento em que Thiago teria mostrado uma cicatriz. Perguntado se a conversa envolvia a participação de Thiago em algum curso, Gilson respondeu que não. Segundo ele, Thiago contava que havia levado um tiro e exibia a cicatriz.
Não se recordou de Thiago ter apresentado distintivo, mas que Mário e a vítima debatiam sobre questões envolvendo o ofício policial.
17h47 – Em depoimento, Gilson afirmou que Mário não estava embriagado e acrescentou que nenhum dos dois apresentava sinais de embriaguez. Ele também relatou que ambos haviam consumido apenas uma cerveja, que teria sido paga por eles.
O depoente voltou a mencionar que deu carona ao colega e que, durante o trajeto, os dois pararam na conveniência localizada na avenida Getúlio Vargas.
17h53 – Questionado sobre a possibilidade de consumo de drogas no estabelecimento, a testemunha afirmou não ter conhecimento no momento da ocorrência. No entanto, em depoimento prestado posteriormente na delegacia, declarou que houve, sem detalhar quem teria feito uso.
17h56 – A defesa também questionou sobre o desentendimento entre Mário e Thiago na porta da conveniência. O depoente afirmou que a discussão durou cerca de um minuto.
Confirma que Mário não acreditou que Thiago era policial militar.
17h59 – A defesa confirmou, por meio de testemunha, que não houve agressão física na porta da conveniência.
18h01 – A defesa prosseguiu com os questionamentos e perguntou se o depoente viu o policial militar retirar a carteira funcional. Ele respondeu que não. Indagado, em seguida, se o PM chegou a se identificar, o depoente afirmou que não.
18h04 – A defesa questionou se Mário chegou a apontar a arma para Thiago. A testemunha respondeu que não, esclarecendo que Mário permaneceu com a arma de Thiago na mão esquerda, após pegar a arma do PM, e com a sua própria na direita. Em seguida, foi indagado se teria visto Mário agredir Thiago verbalmente, ao que a testemunha afirmou que não.
18h15 – A magistrada Mônica Catarina questionou a testemunha sobre os acontecimentos após a briga entre Mário e Thiago. A testemunha afirmou que, inicialmente, acreditou que a situação se acalmaria, mas, de repente, ouviu um disparo. Ela acrescentou que, no momento da confusão, retirou uma arma do chão e a entregou a um policial militar presente no bar, amigo de Thiago.
18h27 – A defesa questionou se a testemunha havia visto Mário atirar pelas costas de Thiago. Ele respondeu que não.
18h30 – De forma objetiva, a defesa perguntou se Mário desconfiou que a arma de Thiago era ilegal. O Ministério Público interveio, afirmando que a pergunta buscava induzir a testemunha. A magistrada orientou que a questão fosse reformulada.
18h33 – A defesa prosseguiu na oitiva, questionando se a testemunha viu Mário agredir Thiago, seja xingando, batendo ou estrangulando-o. Defesa encerra.
18h34 – Uma das juradas perguntou se Gilson havia visto Mário atirar nas costas de Thiago. Testemunha diz que não.
18h36 – Indagada por uma jurada sobre como Mário sabia que Thiago estava com uma arma irregular/ilegal, a testemunha afirmou não saber o motivo pelo qual ele acreditou nisso.
18h39 – A magistrada perguntou quem era mais alto, Mário ou Thiago. A testemunha respondeu que só viu Thiago na conveniência e que Mário seria mais alto. Questionada sobre o momento em que os dois brigavam no chão e a arma de Thiago caiu, a testemunha disse não saber o nome do policial militar a quem entregou a arma, ressaltando que vários amigos policiais estavam presentes no local.
18h41 – A juíza perguntou a testemunha se o grupo estava usando drogas, e a testemunha respondeu que não. Questionado sobre se alguém havia usado drogas durante o tempo em que esteve no local, disse não saber. A magistrada reforçou a pergunta, e ele acrescentou: “Acho que é imperceptível. O que eu sei é que eu não usei. Não vi o autor dos disparos nem as testemunhas usando”. Com isso, o depoimento foi encerrado.
18h48 – Começa um novo depoimento. A testemunha, Guilherme Nascimento Fachinelli, delegado de Polícia, relatou que atuou como coordenador do denunciado Mário em três ocasiões. No dia dos fatos, ele estava exercendo a função de corregedor plantonista da Polícia Judiciária Civil. Fachinelli explicou que sua atuação é acionada apenas quando o crime ocorre no exercício da função policial. No caso em questão, caberia à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa conduzir a investigação.
18h52 – A defesa questionou se a testemunha sabia o motivo da briga entre os dois policiais e ela reforçou que teria ocorrido por uma disputa envolvendo uma arma de fogo.
18h56 – A defesa iniciou abordando a apreensão de arma de fogo ocorrida em 27 de abril de 2023, na Central de Flagrantes de Cuiabá. Foi citado o registro de um revólver calibre 38, e indagado se cada arma possui registro e propriedade, ao que o delegado respondeu que sim. Perguntado sobre armas sem origem, ele concordou que são inscritas como NU, tratando-se de armas sem propriedade junto ao sistema de segurança pública. O delegado esclareceu que, embora a arma possa ter registro, às vezes a checagem inicial não aponta, mas posteriormente é possível localizar o registro.
18h59 – A defesa questionou se a arma apreendida  possuía brasão da PM e se ela estava sem número de checagem. O delegado reforçou que toda arma funcional, todas as armas oficiais, são brasoadas e possuem o certificado de registro. Em seguida, a defesa perguntou se seria possível pegar outra arma sem o devido processo legal, ao que o delegado respondeu que não. Mostra que o revólver apreendido não é condizente a um revólver calibre 38.
19h08 – A defesa indagou se a carteira funcional, por si só, autoriza a um policial a portar qualquer arma.
19h10 – O delegado relatou que Mário sempre foi pontual e cumpria seus deveres. Ambos trabalharam na Delegacia de Roubos e Furtos de Cuiabá  e, posteriormente, na Delegacia de Repressão a  Crimes Informaticos, atuando em crimes informáticos em 2025. Questionado sobre possíveis reclamações de que Mário seria visto embriagado em bares, o delegado reforçou que não havia registros desse tipo de ocorrência e destacou que não toleraria a conduta de um policial nessas condições.
19h13 – A defesa indagou se o delegado conhecia a testemunha, policial civil Walfredo, e se ele era usuário de drogas. O delegado respondeu que não sabia, mas comentou que Walfredo era um investigador inconstante e que circulavam fofocas sobre o consumo de bebidas alcoólicas.
19h16 – Defesa encerra a oitiva.
19h43 – audiência retomada
19h50 – Os jurados fizeram perguntas ao delegado sobre abordagens a pessoas que se suspeita estarem armadas ou embriagadas. O delegado explicou que o objetivo dessas ações é neutralizar o perigo. Questionado sobre a ação dentro da conveniência, ele afirmou que não havia essa situação no caso. O delegado perguntou se poderia responder com suas impressões pessoais, mas a magistrada negou, citando  falta de fundamentação. O depoimento é encerrado.
19h55 – Inicia o depoimento da quinta testemunha, o delegado Guilherme Carvalho Bertoli. A defesa iniciou a inquirição, questionando sobre o fato de ele ter sido a primeira autoridade policial a chegar ao local. O delegado relatou que, na época, era delegado titular e recebeu uma ligação por volta das 3h, atendendo na segunda chamada. Ele disse que Mário teria declarado: “Doutor, acabei de fazer uma besteira, o que eu faço?” O delegado orientou que se apresentasse na delegacia e, em seguida, deslocou-se até o local.
19h58 – O delegado relatou que se deslocou até o local e constatou que uma pessoa havia sido ferida. Logo após chegar, a Polícia Militar foi ao local. Ele se identificou como superior hierárquico a Mário e foi informado do óbito de Thiago. Na sequência, fez contato com o corregedor e com Mário, informando que a vítima era policial militar e instruindo-o a se apresentar na delegacia. No local, mesmo fechado, observou sinais de luta corporal e embalagens que indicavam possível presença de entorpecentes. Segundo relatos da balconista, o rapaz que levou os tiros estaria usando drogas, e tanto o PM quanto o policial Walfredo teriam ido ao banheiro com frequência, chamando atenção.
20h – O delegado relatou que, por meio de ligação, informou a Mário sobre os fatos e que ele ficou surpreso ao saber que a vítima era um policial militar.
20h03 – O delegado afirmou: “Somos policiais 24 horas e não existe a ideia de policial estar de folga. Se ocorrer, como aconteceu no início da minha carreira, eu, como delegado, precisei intervir. Legalmente, o policial é policial 24 horas”. Ele acrescentou que, pela visão que teve da situação, Mário agiu dentro daquilo que seria permitido para a abordagem, considerando que o armamento não era comum ao utilizado por um policial militar. O delegado destacou que Mário estava na posição de policial civil, identificou-se e realizou a remoção da arma. Segundo ele, o PM sabia que estava sendo submetido a uma abordagem naquele contexto.
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