Resgate no espaço

Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams partiram em junho de 2024 em um voo teste para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A ideia era permanecer lá por oito dias. Nove meses depois, entretanto, a dupla continua no espaço. Problemas técnicos com a espaçonave em que viajavam — a Starliner, uma cápsula construída pela Boeing sob contrato da Nasa — impediram que eles voltassem para casa.
Depois de uma longa espera, Wilmore e Williams devem finalmente dar início à jornada de volta à Terra nesta semana.
No domingo (16/3), imagens ao vivo mostraram a espaçonave Crew Dragon, da SpaceX, atracando na ISS e abrindo uma escotilha. Pouco depois das 08:45 (horário de Brasília), em gravidade zero, os astronautas se abraçaram com a tripulação que chegava para o resgate.
Os dois astronautas e outros dois que no momento também estão na estação espacial serão substituídos por quatro colegas, um da Rússia, um do Japão e dois dos EUA.
A expectativa inicial é que a tripulação possa começar o retorno para casa após um período de transferência de dois dias. Esse prazo, contudo, pode ser levemente estendido para aguardar que as condições na Terra estejam ideais para a reentrada segura da cápsula, afirmou Dana Weigel, gerente do programa da ISS.
“O tempo tem que cooperar, então vamos ser pacientes caso ele não esteja favorável”, disse a repórteres.
Wilmore e Williams expressaram consistentemente nos últimos meses estarem felizes a bordo da estação espacial.
O pesquisador de ciência e tecnologia Simeon Barber, da Open University, ressalva que, mesmo com a atitude positiva, a aventura provavelmente veio com um custo pessoal para a dupla.
“Alguém que é enviado em uma viagem de trabalho que deveria durar uma semana não espera que ela acabe levando a maior parte de um ano”, destacou.
“Essa estadia prolongada no espaço provavelmente interrompeu a dinâmica da vida familiar, eles perderam momentos que aconteceram em casa, então foi, de certa forma, também um período turbulento.”
Os astronautas chegaram à ISS no início de junho de 2024 para testar a Starliner, uma nave experimental construída pela Boeing, rival da SpaceX, que acabou enviando a espaçonave que agora permitiu o resgate dos cosmonautas.
A missão já havia sido adiada por vários anos devido a problemas técnicos no desenvolvimento da nave quando finalmente foi enviada ao espaço.
Tanto o lançamento quanto a atracação na estação espacial foram marcados por problemas, incluindo em alguns dos propulsores, que seriam necessários para desacelerar a espaçonave para reentrada na atmosfera da Terra, e vazamentos de gás hélio no sistema de propulsão.
Com a possibilidade de trazer os astronautas de volta na cápsula Dragon da SpaceX, a Nasa decidiu não correr quaisquer riscos submetendo os astronautas a mais uma viagem na Starliner.
E preferiu deixar seu retorno para o período já previsto de rotação programada da tripulação que permanece da estação espacial, mesmo que isso significasse manter os dois no espaço por vários meses.
A Boeing tem reiteradamente argumentado que seria seguro trazê-los de volta na Starliner, demonstrando insatisfação com o uso da cápsula da empresa rival, episódio “embaraçoso” para a companhia, de acordo com Barber.
“Não é uma boa imagem para a Boeing ver astronautas que eles levaram para o espaço retornarem em uma nave concorrente.
Fonte:bbc


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